Nos autodenominamos Mẽbêngôkre, que significa “gente do buraco d’água ou gente da água grande”, e ocupamos hoje a Terra Indígena Trincheira Bacajá, cortada pelo Rio Bacajá, que deságua no Rio Xingu, no Pará. Vivemos em aldeias de diferentes tamanhos que geralmente são circulares. No centro das aldeias possuímos a Ngàb (Casa do Guerreiro), onde nos encontramos para realizarmos reuniões, socializações e tomadas de decisões sobre nosso futuro. A casa do guerreiro é um local muito importante para Kukradjá (cultura) do nosso povo, pois lá fazemos festas e rituais. É o local no qual transmitimos experiências e aprendemos com os Kubengêt (anciões) sobre costumes, histórias, músicas, danças e pinturas. Kukradjá se mostra de diversas formas, como nos jeitos de caçar, pescar, fazer artesanatos, ornamentos, pinturas do corpo. Esses jeitos de fazer são ensinados desde cedo para nossas crianças para que cresçam fortes e bonitos. Desde que começamos a ter contato com o homem branco, que chamamos de kuben, muito do nosso território foi perdido, muitos parentes se foram. A partir daí nossa luta por direito ao território tradicional vem se intensificando. Por isso, lutamos para que não ocorram invasões de fazendeiros, madeireiros e garimpeiros. Lutamos pela conservação da floresta e da biodiversidade, para que nossos filhos e netos tenham uma vida saudável.
A floresta é a nossa casa! É na floresta que nascemos, crescemos, construímos nossa família e criamos nossos filhos. É a floresta que nos dá alimento e remédio. É onde construímos nossa história e nossa cultura que é nossa vida. Proteger e defender a floresta é cuidar da nossa casa e preservar nossa vida.